O Pasquim Infame investiga... #2

Para onde vão as perguntas que se fazem e que aparecem por vezes a intitular notícias e reportagens na comunicação social escrita, vulgo imprensa, e que são a modos que muito extensas, assim ao ponto de no fim já não se perceber bem o que se está a perguntar, pronto, digamos perguntas mais ou menos como esta?

O Pasquim Infame foi procurar saber...

Embora a maioria das pessoas não o saiba, as perguntas, quando desaparecem da face da Terra, passam a habitar um planeta próprio, uma esfera de metal e gases que circula a centenas de milhares de quilómetros por hora nos limites exteriores da nossa galáxia, e que dá pelo nome de Quê?.
Esse corpo astral tem cerca de metade do diâmetro da Terra e é constituído por um núcleo sólido de ferro e níquel, envolto numa atmosfera altamente densa de propano, butano, metano, alamano, hermano, e outros gases hilariantes. A equipa de reportagem do Pasquim Infame (PI) foi lá esta semana e regressou com um rol de depoimentos importantes.

A vida no planeta Quê? parece ser tranquila e pacífica, pelo menos à primeira vista. As perguntas têm total liberdade de circulação e não existem fronteiras, pelo que as rivalidades não existem. Usa-se como sistema monetário o ?, equiparado ao antigo dracma, e a pobreza não parece constituir um problema.
Para os estrangeiros, sejam turistas ou delegados de negócios, não existe muita burocracia, excepto para os habitantes do planeta Hmmm..., que, por trinos na sua existência de três pontos finais, acabam por necessitar de triplos passaportes. A nossa equipa apenas necessitou de responder a uma pequena pergunta: A sua vinda a este planeta visa que objectivo em concreto, isto é, tem como desiderato uma prospecção económica ou apenas uma deambulação turística, ou pertence ainda a uma outra categoria aqui não descrita, sendo que nesse caso deverá assinalar qual? Sendo nós jornalistas em reportagem, pertencíamos à terceira opção, os outros.
Instalados num hotel deveras confortável, decidimos avançar para a rua, em busca da opinião popular, do depoimento real da pergunta real!
Pelos arruamentos largos da zona comercial, encontram-se muitos tipos característicos de artífices, especialistas em souvenirs locais. é o caso de O que acha das questões metafísicas inseridas nas obras de Platão, tendo em conta os valores sociais e éticos da Atenas Clássica e o processo socrático? (OQADQMINODPTECOVSEEDACEOPS)
PI - Então o senhor é um artífice popular.
OQADQMINODPTECOVSEEDACEOPS - Dizem que sim, mas eu prefiro pensar-me como um propalador da cultura e da tradição dos Quesenses, um sacerdote devoto do culto da história do nosso planeta, percebe?
PI - Sendo que esse não é propriamente o patamar social mais elevado, nem algo que se pareça.
OQADQMINODPTECOVSEEDACEOPS - O que acha de haver uma sociedade em que todos ocupem por igual um patamar de importância, ou seja, acha que seria possível uma vivência social absolutamente igualitária?
PI - Mas isso não me caberá a mim responder.
OQADQMINODPTECOVSEEDACEOPS - E o senhor pensa que me caberá por ventura a mim?

Seguimos caminho, por entre a zona dos bairros populares, onde encontramos uma matriarca, de seu nome Onde é que você estava no vinte e cinco de Abril? (OEQVENVECDA)
PI - Vejo que a senhora está a criar duas belas perguntas
OEQVENVECDA - Então e que idade acha que elas têm?
PI - Eu diria cerca de dois meses.
OEQVENVECDA - Achas mesmo que sim, com estas figuras de retórica e uma certa profundidade analítica?
PI - Quatro, então.
OEQVENVECDA - Você veio do planeta Terra, não veio?
PI - De facto.
OEQVENVECDA - Então e não consegue reconhecer uma pergunta com oito meses, que daqui a nada já está pronta para viajar para o seu planeta?
PI - De facto não pensei que fosse tão crescida.

Deambulámos ainda muitos dias por entre a populaça, recolhendo pequenos detalhes de informação, detalhes esses que nos permitiram descobrir a verdade sobre o planeta Quê? De facto, não é verdade que seja um mundo de paz e igualdade. Dentro da sociedade quesense existem ainda algumas fracturas, algumas perguntas ainda hoje olhadas com desconfiança, como os grupos das Emprestas-me... (Emprestas-me dez contos, que de certeza tos devolvo no fim do mês?, ou Emprestas-me aí o teu carro para eu ir tratar de um assunto, que o meu está na oficina?), o das Será que... é seguro? (Será que cortar este fio é seguro?, ou Será que esta ponte é segura?), mas sobretudo duas perguntas, que vivem como eremitas num dos pólos do planeta, Tem horas? no norte e Café? no sul.
Mais ainda, descobrimos que o planeta Quê? está em guerra com outros dois planetas próximos. O planeta das sebentas europa-américa e ainda um planeta habitado por antigas perguntas que deixaram de lado os seus ? e ficaram com . ou com !. Embora estes sejam vistos como traidores e deturpadores, a grande preocupação é com os primeiros. Está a ver o que é existir uma tal vil raça, capaz de destruir toda a nossa existência ao fornecer respostas mesmo antes de se fazerem perguntas?, ouvimos de alguns populares.

Apesar de esta não ser ainda uma espécie em vias de extinção, aconselhamos a visita ao planeta Quê? quanto antes, para mais tarde não se arrepender de não ter ido.

Classificação:
Burocracia *****
Clima ***
Paisagem ***
Hospitalidade local ****
Alojamento ****
Alimentação ****
Apoio turístico *****

Para mais informações, telefonar para Quer conhecer um mundo de interrogações? (tlf: 26548845697; fax: 26588845691) ou, para agendar já a viagem: Deseja ir para onde? (tlf: 2666668666; fax: 2666668668)

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