Sabedoria popular versão intelectualóide #8

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Aqueles que ornamentados de extensões de marfim estão, serão sempre os derradeiros a tomar conhecimento dos factos!

Breves nótulas sobre uma verborreia insone #2

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(palavras incoerentes escritas a cor azul no verso de uma folha em branco)

A beleza impede nos de ver os verdadeiros monstros? – foi este, ipsis verbis, e mesmo sem hífen, como é próprio da sua escrita, o mote que, há não sei quanto tempo, Abelardo Ferdinando Vergílio Landeira nos desafiou a glosar, no seu opúsculo: Aforismos e Interrogações para poesias e textos em linha recta. Fê-lo como quem atira uma pedra para o ar e se esquece de ver onde cai, se num deserto sem vida, se num lago onde origina forte ondulação... Não caiu em deserto desabitado, mas também não originou ondas, ficou-se pelo intermédio pedido de esclarecimentos, em epístola reverente. Fizemo-lo e não obtivemos resposta alguma. Por isso, avançamos agora para o tema então proposto, expondo e analisando-o a partir dessas premissas lançadas e de outras que foram entretanto surgindo.
As interrogações então colocadas foram: Que beleza estamos a tratar aqui? e Que espécie de monstros? Para seguir por este trilho teórico, urge colocar outras duas questões logo à partida: O que é a beleza? e O que é a monstruosidade? Beleza e monstruosidade não são senão conceitos valorativos, conceitos que utilizamos para emitir juízos de valor, por isso, não são coisas, factos palpáveis, não são mensuráveis, nem objectivos, nem reais! Cada pessoa tem, para si mesma, uma escala de valores, onde esses estão incluídos, pelo que o belo para A pode não o ser para B e vice-versa. Assim sendo, a beleza e a monstruosidade não existem, senão numa escala relativa, nunca de modo absoluto. E mais ainda, elas não existem nas pessoas julgadas, mas apenas nos seus juízes!
Seguidamente, enquanto conceitos relativos, é também importante questionar em que situações são aplicáveis, ou seja, o que podemos considerar como sendo belo e/ou monstruoso! As pessoas, os edifícios, as paisagens, um pôr-do-sol? Tudo isso, sem dúvida. No entanto, no que toca aos humanos, a questão é bem mais complexa, pois tanto nos podemos referir à beleza/monstruosidade exterior como à interior, ao físico e aparente, como ao psicológico e oculto. A questão mais importante é, porém, saber o que tem mais significado... mas vamos com calma.
Perguntamos, de seguida, se estaríamos a falar de alguém simultaneamente belo e monstruoso ou, diferentemente, de dois diversos em que um belo ofusca o monstruoso. Comecemos pela segunda hipótese. De que modo podem duas pessoas, presumindo que o mote tratava de pessoas, criar um tal jogo de eclipses, ofuscando-se uma à outra? Será que qualquer um tenta, por iniciativa própria, tapar o outro aos olhos de um terceiro? Ou não será isso apenas mais uma questão de relatividade, em que A vê B como belo e C como monstruoso, mas em que D vê exactamente o inverso? E, mesmo assim, quer A quer D vêem ambos a B e a C. Haverá algum X que verdadeiramente esqueça ou a B ou a C apenas devido à presença do outro?
Mais complexo ainda é o caso em que A olha para B e este contém em si mesmo os sintomas da beleza e da monstruosidade. Assim, podemos ter que B seja belo fisicamente, mas monstruoso em termos de carácter (caso 1); ou então que B seja belo interiormente, mas monstruoso visualmente (caso 2). A questão é: Será que A, ao aperceber-se da beleza, se esquece do restante? Ou nem sequer nele repara? E sendo assim, fá-lo igualmente nos dois casos? Porque, e aqui reside o verdadeiro ponto fulcral de toda a problemática, a importância que A dá ao físico e ao psicológico é que determina a sua posição! Se A dá primazia ao físico, então pode não ligar por aí além à monstruosidade no caso 1, nem à beleza no caso 2; se, ao inverso, valoriza mais o interior, então a beleza do caso 1 não lhe causa grande comoção, o mesmo se passando com a monstruosidade do caso 2! Mas será alguém capaz de não ver ambos os pratos da balança? Não o sabemos, não sabemos se andará por aí esse X...
A beleza impede nos de ver os verdadeiros monstros? perguntou Abelardo Ferdinando Vergílio Landeira. O que pretendemos nós ver ao olhar o mundo e as pessoas nele?, pergunto eu!

FIM
(também sem grandes conclusões)

Sabedoria popular versão intelectualóide #7

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Jamais alguém deverá considerar como pré-adquirida uma célula resultante da fecundação dos gâmetas provinda do orifício anal de um galináceo!

O Pasquim Infame investiga #3

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Depois de Sintra, Silves, Almada ou Seixal, é agora a vez dos moradores de Landeiró de Baixo protestarem contra o traçado das linhas de muito alta tensão, que passam mesmo pelo centro desta pequena vila de 57 habitantes.
Tenho comigo Teotónio Narsélio Soromenho, líder deste protesto, autor da petição enviada à REN, ao Presidente da República, à Assembleia da República, ao Governo, e, ao que julgo saber, ao Grupo Recreativo, Cultural e Desportivo de Oliveira de Frades.
- Antes de mais, senhor Teotónio, permita-me dizer que tem, provavelmente, o nome mais parvo que já ouvi na minha vida, sendo que eu próprio assino Anastásio Landeira, pelo que autoridade moral para lho dizer não me falta!
- Muito obrigado!
- Diria mesmo que mais parece que os seus pais o detestavam, e, por isso, decidiram dar-lhe um nome absolutamente risível!
- É muito gentil!
- Agora que já esclarecemos este ponto, vamos então à entrevista. Senhor Teotónio, porquê esta petição, e porquê agora?
- Posso falar?
- Pode.
- Posso?
- Já disse que pode!
- Pois, então, queria agradecer aos senhores do Pasquim Infame esta oportunidade para divulgar as razões do nosso protesto, e queria, para responder às suas perguntas, afirmar que sim.
- Como disse?
- Disse sim.
- Portanto a razão para este protesto e neste momento, é sim.
- É sim, sim, senhor!
- Pois... hmmm... e não haverá mais nada que nos possa dizer, por exemplo: perturbam-vos os níveis de radiação emitida pelas linhas de muito alta tensão que passam aqui mesmo por cima das vossas casas?
- Não! Isso para nós não é problema nenhum!
- Não? E não acha isso estranho, pois se até agora todos os movimentos populares apontam essa questão como centro das suas argumentações.
- Nã... Nós, a radiações, estamos habituados. Olhe, ainda no outro dia o reactor nuclear da tia Rondina sobreaqueceu e estoirou! Foi para aí uma fumarada verde que não se via nada durante umas semanas! É normal, é normal.
- Um reactor nuclear?!
- Sim, aqui em Landeiró de Baixo cada casa tem um reactor privado, por causa da electricidade, sabe, que vai muitas vezes abaixo, porque os ratos gigantes roem os cabos dentro da central, e é um sarilho. Ainda no outro dia apanhei lá três, que foi o meu jantar.
- Ratos gigantes?!
- Sim, assim, vá lá, do tamanho de um leitão acabadinho de nascer, uns 15 quilitos, pronto.
- 15?...
- Mas como eu ia a dizer, é uma chatice a electricidade ir abaixo, que a gente quer ver o Preço Certo em Aéreos e depois não pode não é? É chato! Ah, e aqui que ninguém nos oiça, parece que eles lá em Landeiró de Cima só têm um reactor para toda a vila. E eles lá são bem mais que nós... ora... morreu anteontem o senhor Zardilaque da mercearia por causa dos tumores, uma coisa feia, rapaz!, portanto, devem ser uns 72, neste momento. E são uns somíticos, está a ver? Um reactor para essa gente toda! Eu até me admiro se eles chegarem até à Roda Final.
- E... portanto, não têm problemas com as mutações genéticas?
- Olhe, calha bem falar nisso. Ó Léééééécio! LÉCIO! É meu sobrinho, sabe? Olhe, lá vem ele.
- Mas, mas... o seu sobrinho tem, tem...
- Olhe-me que beleza de moço! Olhe-me estes quatro braços! Ele, com estes braços todos, cava que é uma coisa linda! Na altura de semear as batatas ganha rios de dinheiro nestas redondezas! Diz lá adeus aos senhores jornalistas.
- Brglloinksmmm. Ug... ug.
- Pronto, pronto. Vai ter com a mãe para ela limpar a baba. Fica muito nervoso com gente estranha, sabe.
- Ok, portanto, o senhor não se preocupa com as radiações e com os seus efeitos... Afinal, o que o preocupa nestas linhas?
- Bem, não será bem preocupar, é outra coisa menos forte.
- Desassossegar?
- Não, menos ainda.
- Incomodar?
- Isso! É mais um incómodo.
- E que incómodo seria esse?...
- Olhe, o problema é que estas linhas me afectam o sono.
- O sono?
- Sim, o sono. Não consigo dormir tranquilo.
- Não consegue dormir tranquilo?
- Não. Passo as noites todas acordado.
- Passa as noites todas acordado?
- Oiça, não está a ouvir assim um eco estranho?
- Eco estranho?
- Sim.
- Não.
- Deve ser daquela gosma acastanhada que tenho sempre nos ouvidos.
- Gosma nos ouvidos?
- Sim, não se preocupe, que isto passa já.
- Portanto, o senhor não se preocupa com as linhas, com as radiações, mas mesmo assim não consegue pregar olho. Não estou a perceber.
- Pois, o problema é que as linhas não me deixam mesmo dormir. São umas chatas, sempre a falar, sempre a falar!
- Falar?!
- Sim, falar, a noite toda! Eu tenho um sono muito levezinho, sabe, e então basta uma começar e pronto, lá se foi a noite de descanso. Sempre zum, zum, zum! Zum, zum, zum...
- Portanto, o que o levou a enviar esta petição de protesto foi o barulho que as linhas fazem?
- Barulho? Aquilo é uma algazarra! Ainda ontem passaram a noite a discutir se o golo do Hurst em 66 entrou ou não! Uma confusão pegada! E em dias de orvalho? Ou de vento forte?! Vvvvvvvvvvvvvvvvvv! Vvvvvvvv! A noite toda nisto!
- Pois percebo. E, enfim, o nosso tempo acabou...
- Queria só dizer mais uma coisa. Posso?
- Pode.
- Posso?
- Já disse que posso, homem!
- Calma! Até parece que é um cabo de fibra óptica, ou o camandro, sempre nervoso! São uns sacaninhas nervosos, esses gajos.
- A sério, despache-se lá!
- Pronto, só queria pedir que ao mudarem a linha a pusessem a passar em Landeiró do Meio, que me esqueci de pedir isso na petição. Esses gajos nem reactor nuclear têm! Avarentos de uma figa!
- Pronto, pronto, acabou o nosso tempo. Foi a entrevista... possível... com o senhor Teotónio Narsélio Soromenho, aqui, em Landeiró de Baixo.
- Chau!
- Muito obrigado. Obrigado.


- Já agora, Oliveira de Frades porquê?
- É bonito.
- Ah, está bem!

Sabedoria popular versão intelectualóide #6

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Calendas de Maio em que os céus não sejam rasgados pelos fulgentes relâmpagos de Zeus em vozes ribombantes de atordoar a alma são como machos asininos que não possuam massa testicular!

Dicionário de Biturbo #14

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alfarrabista - (1 - subs. fem.) aquela que detém o cu primordial, o mais perfeito par de nádegas, ou nalgas; também chamada de coeva; (2 - adj. masc.) com o tempo, passou também a qualificar aquele que procura apenas açambarcar cus perfeitos.

Fonte: Dicionário de Biturbo (não editado)

Breves nótulas sobre uma verborreia insone #1

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(palavras incoerentes escritas a cor azul no verso de uma folha em branco)

Estar vivo é o contrário de estar morto. – foi a páginas tantas do Phedon de Platão que esta afirmação apareceu pela primeira vez, colocada na voz de Sócrates, mestre do que dá nome ao livro, assim como do seu autor, e que esperava pacientemente pelo copo de cicuta que o levaria às margens do Styx! Foi, porém, pela voz de Lili Caneças que se imortalizou tal sentença nos arraiais e praças lusas, motivo de chacota, rapidamente rotulada de lapaliçada! Não é o caso! Leva-nos, outrossim, a meditar meticulosamente no seu significado, na escolha de cada palavra e de sua exacta posição.
Estar – verbo intransitivo que significa ser presente; permanecer; residir. Um verbo intransitivo, recorde-se, é aquele que, por definição, não exige complementos, pois possui significação absoluta, dispensando-os, assim, pois se basta a si mesmo para atribuir sentido a uma oração. Portanto, estar é uma noção absoluta que corresponde a ser presente; permanecer; residir. A lógica do senso comum confirma que Permanecer vivo é o contrário de permanecer morto. Mas a lógica e o raciocínio mais apurados levam a algumas chamadas...

Primeira: o permanecer vivo é, necessariamente, uma grandeza diferente do permanecer morto, visto que, uma vez nascendo, o caminho para a morte é inexorável, logo, é um estado transitório o estar vivo; pelo contrário, estar morto é um estado definitivo, excluindo, por motivos óbvios de argumentação, os casos de reanimação médica, mas depende primeiramente da condição de ter estado vivo, o que não sucede inversamente. Assim: Estar vivo é o contrário de estar morto, mas, também: Estar morto é o resultado de ter estado vivo.

Segunda: é o contrário, ou seja, a conjugação na terceira pessoa do singular do presente do indicativo de ser o contrário, ou uma pessoa neutra, neste caso, sendo que vem a dar ao mesmo. Visto que ser significa também estar, temos que: Estar vivo está no contrário de estar morto ou Estar morto está no contrário de estar vivo. Assim, estão ambas no contrário uma da outra, mas ao passo que A (estar vivo) leva a B (estar morto), B não leva a A, embora dele proceda! Da mesma forma, A não procede de B, mas leva até ele, como já referimos na nota anterior.

Terceira: Estar é, como vimos, sinónimo de Ser presente ou de Ser, pois se pode subentender que se é sempre em algum lugar, enquanto organismo, aglomerado molecular orgânico; estar morto é não ser mais essa coisa orgânica, antes transformar-se apenas em massa molecular inerte e inorgânica, não ser presente. Assim: Estar vivo é o contrário de estar morto, mas, também: Ser um ser é o contrário de ser um não ser ou Ser um ser é o contrário do não ser um ser ou ainda ser é o contrário de não ser (porque, como na matemática, + com + é = a +; e + com - é = a -).

Quarta e última: Uma questão de interpretação: podemos falar de estar sem subentender uma qualquer espécie de acção? Pensar estar como representação gramatical de uma passividade pura? Se não o conseguirmos fazer não será mais acertado dizer em ver de estar morto, ter morrido ou vir a morrer, pois assim se marca uma determinada e derradeira acção num certo ponto do tempo, mesmo que indefinido? Ironia das ironias, a derradeira acção tornar-se-ia a causa de não mais se agir! Estar morto é, neste caso, uma contradição, pois o morto, no sentido de falecido é um não agente, e estar morto implicaria a acção de não ser! Assim: Estar vivo é o contrário de estar morto passa a Estar vivo é o contrário ao depois do vir a morrer ou ter morrido, ou mais simplesmente: Estar vivo é o contrário de não estar, ou, como já dissemos por outras palavras: Estar é o contrário de não estar (não nos esqueçamos que estamos a lidar com um verbo intransitivo e que, por isso, não precisa de complementos). Excluindo novamente os + e os – que não interessam: Estar é estar! Diria mais… diria que: Ser é ser; por isso, quem é, é sendo! Mais ou menos como as duas ervilhas num canto do prato:
‑ É!
‑ Pois é!

FIM
(e sem conclusão alguma)

Isto é inadmissível! Uma semana de atraso!

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Sebastião, jovem formoso,
Cabeça loira, usava coroa
Que lhe dava ares de poderoso,
Que ele usava um pouco à toa.

Pra África sonhava em ir,
Ganhar almas pra Cristandade.
Ficou-se às portas d' Alcácer-Quibir,
Foi-se na loucura e virgindade.

Porque Sebastião não fodia,
Tinha a mulher como um papão.
Por isso nunca deu a alegria
Ao reino, de fazer um varão.

Veio pró poleiro um velhadas,
Seu tio que também era cardeal,
Tinha as sotainas borradas
E mijava nas plantas do quintal.

Toda a vida homem virgem,
Por preceito da devoção,
Podia então tirar ferrugem,
Já só não tinha era tesão.

Quinou também o velhote
Sem dar ao reino varonil.
A luta p'la coroa foi fartote;
Candidatos, mais de mil.

De Parma, Sabóia e do Crato,
Até de Roma e França,
Mas era pequeno o prato
E só o de Espanha encheu a pança.

Filipe em Espanha era já segundo,
Deste lado ficou primeiro.
Mandava em mais de meio mundo,
Império com sol o dia inteiro.

Mas todo o ano havia guerra
E sobe-sobe com os impostos,
Pra combater Holanda e Angleterra
E trazer ao povo mil desgostos.

Morreu Filipe, veio Filipe,
E 'inda outro Filipe arribou.
Foram três os desta estirpe
Que o tesouro encazinou.

Pagava povo, clero e nobreza
(Que era coisa de espantar)
Ficava o reino nesta pobreza
De não ter como se remediar.

Sonhou o povo assim tratado
Qu' havia Sebastião de regressar
Num dia frio e enevoado,
Lá das terras d' além-mar.

Esperou-se à toa dias e anos
Pela chegada do Salvador,
Mas no horizonte não vinham panos
D' el-rei Sebastião nosso senhor.

Como não chegava el-rei no nevoeiro,
E não saía o reino deste trabalho,
Foram-se quarenta ao Terreiro,
Mandaram o Vasconcelos pró caralho.

Trouxeram João de Trás-os-Montes
Para ser o IV de Portugal.
Ele que nunca quis ser rei antes,
Por preferir música e coiso e tal.

Vendo o trono assim levado,
Filipe III ficou fodido.
Mandou o reino ser tomado
Pelo exército de peito erguido.

Mas breve saiu de Portugal
Outra vez pelo mesmo caminho,
A enfiar-se no Escorial
Com o cu todo assadinho.

Daqui as gens lhe deram luta,
Português era outra vez tudo.
- Vai-te embora, à ganda puta,
Desgraçado de queixudo!

Fez-se assim a Restauração,
No primo dia de Dezembro.
Não mais houve fervor como então
Neste povo a quem relembro:

Mandou-se o castelhano embora,
O espanhol voltou-se a mandar.
Só não se mandou daqui pra fora
Tanto português que nos quer enrabar!

Frei António Jerónimo Landeira (inícios do séc. XIX)

Dicionário de Biturbo #13

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oxigénio - (subs.) génio enferrujado; oxidado no metal do pensamento, pela estupidez líquida do mundo. Acontece sobretudo a génios que se distraem sobremaneira a ver tv ou a jogar playstation.
Fonte: Dicionário de Biturbo (não editado)

Breves nótulas sobre uma verborreia insone #0

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(palavras incoerentes escritas a cor azul no verso de uma folha em branco)

Quem nunca tentou fazer um documento do Word com tantas páginas que ele não conseguisse fazer uma contagem de caracteres sem se desfazer em merda que atire a primeira pedra! E digo isto com a noção de que não deve haver ninguém para atirar coisíssima nenhuma, e se houvesse também haveria de ser tal mongo, tal nerd, tal totó (e afins, como costuma dizer nas carrinhas de distribuição de pão nas aldeias – Era um quilo de broa e um afim sem creme, que é pró meu mais piqueno!), que nem num elefante acertaria, a dois passos. Que eu não sou parvo! Nem eu, nem o JC, ou nunca pensaram por que razão ele não disse: Quem nunca andou todo nu pela praça central de Jerusalém, só com uma meia a envolver o sexo, a cantar músicas napolitanas às janelas das moçoilas casadoiras, que atire a primeira pedra!, em vez de: Quem nunca errou, que atire a primeira pedra!? Que ele não queria que a Madeleine, que não aquela que desapareceu no All-garve, levasse castanhada. Já a outra, a do All-garve, foi provavelmente vítima de pessoas que andaram nuas pelas praças de Albufeira, só com meias a envolver-lhes o sexo, cantando músicas napolitanas às janelas de moçoilas casadoiras. Ou isso, ou músicas da Edith Piaf, uma das duas, de certeza. Ou nas praças de Jerusalém.
Já erros assim a modos que espontâneos do género erro fatal, esta merda vai fechar e vais perder todo o trabalhinho, seu cabrão!, sucedem-se recorrentemente. Pelo menos comigo, já não poucas vezes impediu de continuar a articular uma torrente, mesmo que zinha, de parlapié, faladura, verborreia!...
Curioso o ter usado esta palavra, pois que ela usa o mesmo sufixo de outras palavras, como sejam o caso de rinorreia, gonorreia ou ainda diarreia. Curioso, porque calha eu saber que o prefixo -reia se refere a escorrimento, logo: verborreia é igual ao escorrimento do verbo, da palavra; rinorreia é igual ao escorrimento do nariz, ou rino-, daí o rinoceronte, que deve parte (a parte prefixa) de seu nome ao peculiar frontispício, embora não tenha escorrimento! E isso acho bem, porque ver um rinoceronte a usar lenços de papel mataria logo ali a magia de África, mais a da sua vida animal.
Agora, o que eu não percebo é gonorreia! O que são os gonos? Ajudantes de Pai Natal sem n? Espécie de gomas, mas com sabor a fruta? Isto até que a Wikipédia me oferece o conhecimento, qual maçã da árvore ao meio! Os gonos são, na verdade, gonococos, uma bactéria que provoca a referida DST, o que acaba por bater certo, porque, afinal, a doença resulta de se usar os cocos! A gonorreia é também conhecida por blenorragia, e isso também nos leva a pensar: é que se -ragia é um sufixo sinónimo de -reia, e quer dizer escorrimento, tal como em hemorragia (escorrer sangue), que raios são os blenos?! Enfim! Então e a diarreia? (parêntesis para dizer que este texto tem 2279 caracteres, até este ponto de interrogação, e o Word ainda não deu de si!)
Adiante, a diarreia, mas que é isso afinal? Será o escorrimento do dia? O rasto semi-líquido do Sol a passar pela esfera celeste? Não o sei, e também não há sinónimos nem Wikipédia que ajude neste caso! Esta diz-nos, apesar de tudo, que "normalmente não são graves [as diarreias] e prolongam-se pelo máximo de sete dias." Ora, se ainda fossem sete horas, seria uma coisa fodida, fedorenta e putrescível, mas não mais que isso. Sete dias a cagar de leque, à pistola, ou de esguicho, ou lá como queiram, já me parece coisa para ser chatinha e afectar um pouco o bem-estar e, quem sabe, impedir um tipo, por exemplo, de se sentar à frente do PC a ler isto! O que seria, sem margem para dúvidas, uma merda!
Manifestar-se-ia merdosamente a merda em não deixando ver merdas destas, no fundo.