Gastei 12 fósforos (12!) para conseguir acender o fogão!

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Enquanto ia bebericando o leite morninho assim aquecido, ia vendo as Euronews (insónia, a quanto obrigas!), nomeadamente uma reportagem sobre as políticas ambientais da União Europeia. Está previsto que nos próximos anos se consigam atingir 20% de electricidade produzida através de meios "limpos" - energias renováveis, portanto. Na Dinamarca, já atingiram os 20%, só com a energia eólica, e até andam a pensar em começar a exportar electricidade para a Alemanha, ou outros vizinhos. Curioso pensar que, na medieva idade, se tinha de pagar pelo uso dos moinhos dos senhores, e agora alguém vai pagar mais ou menos pela mesma coisa, pelo vento e pela sua força... Se calhar, era o Quixote que tinha razão, em ver gigantes, e não moinhos, ou se calhar gigante é a potencialidade do moinho, não o moinho em si... Também curioso, e até um pouco irónico-paradoxal, foi saber que a Greenpeace levou ontem a cabo um protesto contra o uso do carvão... na Dinamarca! Pelo que consegui perceber das imagens (sem comentários), chegaram ao cais de descarga de carvão de um porto dinamarquês (cujo nome obliterei) navegando num veleiro... e depois aproximaram-se da plataforma de descarga propriamente dita num pequeno barco a motor! Lá está! Incoerência! Eu já tinha reparado que, para ecologistas fanáticos, eles usavam demasiados barcos motorizados, mas pensei, ao ver o veleiro, que as coisas tinham mudado... só que o barquito mais pequeno estragou tudo! Por que não um barco a remos, um bote, como daqueles que há no Bom Jesus de Braga, para se andar a passear? Quem também protestou ontem foram os homossexuais masculinos, no Vaticano. Nem li o teor do protesto, mas não deve andar muito longe das questões da atitude da Santa Sé para com os homossexuais no geral, e os homossexuais eclesiásticos no particular. Eu acho que eles, para fazerem as coisas em condições, tinham de apresentar uma proposta de emenda constitucional, à Bíblia, portanto... a começar pelo Génesis 1, 22, e/ou Génesis 2, 23:24. Sim, Senhor, a gente multiplica-se, mas em chegando ali perto dos seis mil milhões e qualquer coisa, podemos virar larilas... e deixamos de abandonar tudo e mais alguma coisa por causa das mulheres. O mesmo princípio para os homossexuais femininos... Eu, aliás, quer-me parecer que o beijo do Judas foi, logo ali, uma primeira proposta do género... mas ardeu, como o 12º fósforo.
Ao chegar ao fim do copo de leite, tinha passado, já se vê, por uma cabazada de temas e assuntos, o que mostra como somos bombardeados, de facto, por informação, e mais informação. Como li há uns tempos, recebemos mais estímulos informativos num dia, que o Leonardo Da Vinci na vida inteira. O que talvez justifique que ele tenha tido tantas ideias para tanta coisa, e tão antes do tempo... não perdendo horas e horas com resmas de informação, dedicou-se a criar, ele mesmo, coisas novas! Além de que, se ele quisesse um helicóptero, tinha mesmo de inventar um, não bastava telefonar... ou, melhor, inventar o telefone!

A Roda Alimentar, versão camarada José

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Legenda (sentido contrário aos ponteiros do relógio):

  • 10 senhas de racionamento para legumes e/ou fruta (cada senha, 1 couve, 1 beringela, 1 pêra...)
  • 6 senhas de racionamento para cereais e/ou leguminosas (cada senha, 1 sacola de 250 gr)
  • 2 senhas de racionamento para óleos e/ou gorduras (cada senha, 1 garrafinha de 75 cl de azeite, ou 150 gr de manteiga rançosa)
  • 3 senhas de racionamento para carnes e/ou peixe (cada senha, 1 filete de peru, 1 bife ratado, 1 posta de pescada)
  • 4 senhas de racionamento para lacticínios (cada senha, o produto diário de uma tetinha de vaca, cabra ou ovelha)

Porções calculadas para um conjunto de protelários unidos numa célula familiar, numa média de 6 elementos por unidade habitacional, de modo a garantir a subsistência durante uma semana.
A saciedade é o luxo dos burgueses e a fome dos que trabalham!!!

A revolta do mobiliário!

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"Espanha: Cama mata idosa" - título de uma, vá lá, "notícia" do Correio da Manhã.
Talvez por causa da atenção prestada à crise no imobiliário e essas tretas que se me escapam dos arames do pensamento, parece que o mobiliário decidiu vingar-se da humanidade, num claro acesso de ciúme! Só espero que os electrodomésticos não alinhem na cena, ou ainda teremos: "EUA: Frigorífico sodomiza taxista nova-iorquino"... e todos sabemos o quão corpulentos são os frigoríficos norte-americanos...

As anti-férias de um coçador manifestam-se em não haver manifestações

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Estamos a atravessar aquele que é, provavelmente, o período mais conturbado nas relações ibéricas desde que o Godoy se lembrou de pegar numa laranja e dizer que Alcanizes estava vingado. Verdade seja dita, o shôr valido até foi meiguinho, podia ter dito algumas coisas bem mais violentas, como "Toma lá, Denis, ácido ascórbico pelo teu cu acima!" Foi simpático, da parte dele, ter ido meramente pela questão diplomática e não pela via do insulto pessoal.
Claro, no entretanto houve aquelas questiúnculas aquando e após a guerra civil espanhola, porque o shôr Presidente do Conselho e o señor Caudillo não se pintavam lá muito bem um ao outro. Talvez se tivessem a veia artística do Ailittla, ou a do D. Carlos, especialistas na aguarela, se pintassem melhor [e aqui começam e acabam todas as referências a D. Carlos, que até enjoou, no início do ano, com o regicídio e mais não sei o quê!]... ainda assim, nada que se assemelhe ao actual estado de coisas.
Os moços aqui do lado mandam para Portugal têxteis, fruta, legumes, capitais, entre muitos outros produtos e serviços, e tudo com farturinha e a bom preço... e qual é a nossa principal exportação para Espanha? Índices de sinistralidade! Rara a semana em que não há notícia de mais um autocarro de turistas, ou veículo repleto de emigrantes e respectivas famílias, ou de trabalhadores deslocados, que se tenha espatifado, aumentando assim o número de acidentes, de feridos, de mortos nas estradas espanholas.
De quando em vez, lá mandamos uns jogadores da bola para La Liga, a ganharem pipas de massa para não fazerem porra nenhuma. E ainda lhes ficámos com o Euro 2004, onde chegámos mais longe, tal como no Mundial 2006, mesmo com o shôr Felipe "Handicapped" Scolari ao leme. Ok, eles ganharam o Euro 2008, mas o coitado do Ronaldo tinha uma espécie de lesão antiga no pernil que só lhe começou a doer por volta do fim de Maio... e não tinha cremes hidratantes com ele, na Suiça.
Durante as férias da Páscoa, invadimos Lloret del Mar e Barcelona com canalhada bêbada que deixa tudo em pantanas e cheio de vomitado (pórtico da Sagrada Família incluído). Quem quiser cá passar umas férias, vindo aqui do lado, fode-se, que paga a gasolina mais cara!

Enfim, tanta confusão acaba por ter repercussões nas altas esferas do poder político (que são assim uma mistura de Bolas do Dragão com os Anéis do Poder à la Tolkien): o Sócrates manda de cá telegramas a chamar Sapateiro ao Zapatero, por causa das regras do acordo ortográfico, e, de lá, vem uma resposta em tom de "vê lá se não queres mas é um copo de cicuta pelo cu acima!" (sendo que é do conhecimento público que a cicuta arde mais nas hemorróidas que o ácido ascórbico), que o Zapatero não conhece Alcanizes e, ao que consta, Olivença, também não.
Resumindo, não me admira que daqui a uns tempos a relação familiar entre Portugal e Espanha seja revista e que, em vez de sermos irmãos, passemos a ser sogra e genro, sendo que o nosso papel me parece que será claramente o da velha matrona, eternamente chata, eternamente dedicada a estragar tudo o que está bem.
Porque, no fundo, são esses, sempre foram, os objectivos da existência de Portugal, ter pilas maiores que eles e estragar-lhes a festa. Foi claramente esse o intuito do Afonsinho ao fundar esta merda, ou o do Joãozinho, a restaurá-la: chatear os tipos aqui do lado, como os vizinhos que insistem em pôr a TV nas alturas às tantas da manhã (no caso dos moços, os vizinhos que mandam tocar os alaúdes mais alto, a meio da noute). Basta ver que uma das coisas que sempre irritou qualquer espanhol, para lá de se dizer que a Espanha não tem existência enquanto nação, ou que eles não são os maiores do mundo, foi a impossibilidade de se desenhar rápida e facilmente o seu território continental de uma forma estilizada. Enquanto que por cá basta desenhar um rectângulo a 3 para 1, em altura/largura, e dizer: "Isto representa Portugal", em Espanha, um professor que desenhe uma espécie de quadrilátero com um mamilo ao sul e outro a nordeste vai ter sempre um aluno chico-esperto a resmungar lá de trás: "Mira, Portugal no es España, coño!", aluno, esse, muito provavelmente filho de portugueses, mas nascido do lado de lá da fronteira por não haver maternidade onde nascer do lado de cá. Ou seja, um aluno que representa a segunda maior exportação portuguesa para Espanha...

O Império da Redondilha

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O Povo está na rua!
A Luta continua!

O Povo, unido,
Jamais será vencido!

Alberto, amigo,
O Povo está contigo!

Que têm estas palavras de ordem em comum? Vocabulário e sintaxe simples, rima, e um ritmo marcado pelo verso curto... Por que é tão importante que assim seja? Porque para, digamos, duas mil pessoas as poderem gritar em uníssono convém (1) que não contenham palavreado ou construções gramaticais demasiado rebuscadas, sob pena de uma grande percentagem dos manifestantes não o conseguir fazer; (2) que haja um tempo marcado pela rima e ritmo, o qual permita que sejam entoadas estas palavras sem se estar a pensar em acertar com as outras vozes.
Ora, hei visto, há uns tempos, uma tarja, à entrada de um hospital, pertencente a um sindicato e que rezava o seguinte:

Os enfermeiros no desemprego,
À ministra não darão sossego!

Sim, senhor!, temos rima... mas é só! Eu não digo que seja obrigatório o recurso à redondilha menor, nem sequer à maior, mas, pessoal, vamos lá ver se cortamos aí uma ou outra sílaba fonética, pode ser? É que fica difícil conseguir pôr mil gargantas a gritar isto em uníssono! O mais certo é o tipo do megafone começar, e quando estiver a acabar estarem os de trás a meio, ou até mesmo a tentar ainda perceber que raio de palavra de ordem se está a gritar, afinal! Ainda para mais, aquela revienga entre os complementos e o predicado não ajuda nada à festa! É que em dois versos longos termos apenas um sujeito, mais dois complementos, ambos precedendo a acção... que por sua vez está na negativa do futuro... ui! Que fartote! A sério, pessoal, vamos lá ver isto, ok?