Alguém me chegue o comando, ò faz favor!

Estar esparramado num sofá, em frente a uma televisão, de preferência sintonizada num canal que passe apenas programas absolutamente sem interesse, é das melhores coisinhas que se pode fazer para efectuar uma lavagem ao cérebro, uma daquelas sessões de terapia que fazem esquecer todos os problemas, todos os assuntos que andam a martelar diariamente na caixa craniana, todas as coisas boas, o nosso nome, a nossa idade, que nos fazem esquecer que existimos, porque pura e simplesmente deixamos de existir durante esses momentos. A sensação de estar suspenso numa solução gasosa dos sentidos, ver e ouvir a emissão hertziana do monitor, sentir o odor e o tacto do comando, o sabor das pilhas alcalinas, sem assimilar nem compreender nada disso…
Isto, claro está, até que apareça o michael moore na imagem, facto que conduz iniludivelmente a um despertar brusco para a realidade física das coisas, nem que seja para fazer um zapping rápido, ou outra manobra evasiva, necessária perante o caos que nos assoma. Pessoalmente não tenho nada contra o tipo, até porque não me chamo clint eastwood nem defendo uma américa livre, democrática, pacífica e armada, quanto muito defendo uma colónia de sexo livre, democrático e pacífico… não obstando, porém, a umas boas palmadas; apenas acho que ele tem uma forma esquisita de escolher nomes para os filmes/documentários que realiza. Trocadilhos com escalas de medição da temperatura e datas de demolições de prédios é estranho, e não me convencem do contrário, mas jogar bowling em favor da apaixonada do pierrot, já é demais! Além de que se torna um bocadinho, mas só mesmo um bocadinho, pimba. Todas as pessoas cultas e eruditas nas coisas da sociologia e cultura popular tugas do século XX da era post-cristo (que são aqueles papeluchos amarelos em forma de cruz onde um tipo anota recados para si mesmo ou para os outros, tipo os daquela marca, a inri) sabem que o pierrot foi, e ainda é, se bem que numa escala muito menor nos dias que presentemente passam, uma das mais representadas personagens do mundo estático e patético das pequenas estatuetas cerâmicas pintadas quase sempre em tons de azul e branco, destinadas a preencher todo e qualquer espaço vazio que se possa encontrar numa estante, ou outra qualquer superfície horizontalmente plana, esses artefactos medonhos que se dão pelo nome absolutamente amaricado de bibelot! Juntamente com o naperon, ou seja, com um bocado de tecido, às vezes meticulosamente trabalhado, outras vezes nem por isso, forma uma das duplas eminentes da decoração interior de uma tradicional casa tuga de respeito. Bibelot e naperon; pano bordado com o monograma do casalito e pierrot, que dupla brutal e avassaladora! Ora, esse bastardo ícone bibelótico, através da gaja que ele curtia afinfar, mas que não quer nada com ele, servir como inspiração para nome de um filme… não fica bem, digo eu.
Antigamente, a coisa mais estranha do tipo era, para mim, aquela excitação que ele atinge, só comparável, imagino eu ao ver aquela formosura, à excitação que sentirá ao ver um leitão à bairrada ou equivalente manjar no outro lado do atlântico norte, quando se fala em canadá. Impressiona perceber como ele quase saliva ao pensar, ao afirmar, que a solução para os males do mundo reside no exemplo canadiano. Eu acho que ele fica cheio de tesão só de pensar em toronto, ou coisa que lhe valha! Tudo bem que o canadá é um país desenvolvido, com baixos índices de criminalidade e de pobreza, mas, pelo outro lado, apesar de ser o segundo país com mais quilómetros quadrados, circulares e triangulares, é também dos que tem uma percentagem de terreno habitável menor, tanto é o lago, floresta e gelo que para lá vai. Eu nem gosto de calor, mas os canadianos exageram com aquele frio. Aliás, o frio deles explica muita coisa… toda a gente sabe que a gatunagem gosta de andar ao fresco, que é como quem diz não gosta de vergar a mola, que é como quem diz gosta de coçar a micose, que é como quem diz não gosta de trabalhar, e por isso se dedica à gatunagem. No entanto, com tanto frio, nem mesmo um gajo sem vontade de burilar se dedica às coisas do roubo, furto e desvio ilícito. Com frios daqueles, eles [os canadianos] querem todos é casinha, lareira e cobertores sobre os joelhos. Ou isso, ou casinha, lareira e canzanada! E, aí, comecei a perceber a admiração do moço pelos norte-americanos de que nunca se fala. Há até quem diga que os canadianos adoram foder à canzana porque assim estão os dois virados para a televisão a ver hóquei no gelo, desporto que se resume, no fundo, a tentar vestir o máximo de roupa possível para aguentar com o fresquinho. Os jogadores dessa modalidade invernosamente olímpica querem é aquecer o lombo, o resto é tretas e extras, que dar umas galhetas num gajo pode ser divertido, desde que ele não se lembre de responder na mesma moeda, nem sequer numa ou mais moedas mais pequenas e com valor facial total menor que a moeda que se lhes dá inicialmente, aquilo a que os doutos das coisas da economia chamam troco, mas a que a populaça chamaria de mais-valia adquirida através da transmissão de bens ou serviços. Para mim, mandar um sopapo na queixada de outro tipo chega perfeitamente, passo bem sem o troco, e não ligo pevide a mais-valias.
E farmácias! Aquele país imenso tem, para lá de umas quantas pessoas a fazer feitio, muito lago, muita floresta, muito gelo, e muita farmácia! Aliás, parece-me que tudo o que vai acima da fronteira setentrional estadunidense é uma gigantesca farmácia, especializada basicamente em vender comprimidos para a tusa e pomadinhas para chegar depois às partes pudendas, ou fudengas, é como quiserem, que o word não aceita nenhuma como válida, o desgraçado!, que olvida o mais tradicional vernáculo, digo eu, pois à quantidade de comprimidos que eles vendem, bem precisam de hidratar no fim. Se não fosse a maravilha tecnológica desta era da informação, nunca teria percebido o fascínio do homem pelo canadá, essa terra de fodilhões, no fundo, gente que, resguardando-se do frio, fica em casa a fornicar que nem leões, apesar de não haver leões no país, a não ser em jardins zoológicos, mas como o rei da selva que afinal vive nas savanas, porque o primo tigre é que vive nas selvas, mas pronto, os tipos do tarzan acharam que pôr leões, elefantes africanos e outras animálias a passear em plena selva era giro, que se há-de fazer, fode umas boas dezenas de vezes num dia, pois bem, é difícil encontrar outro termo de comparação tão bom, até porque da fauna canadiana só me estou a lembrar de alces, e não quero aqui dizer que os tipos de lá são todos uns maricós cornudos… a não ser talvez os do quebec, que adoram a celine dion e outras anomalias técnicas da música internacional. Graças a essa maravilha que é o spam, pude começar a compreender melhor a mentalidade do bicho, apesar de ainda não ter chegado à parte dos títulos dos filmes, mas também não se pode pretender o universo todo de uma vez.
Claro que foder muito também tem alguns inconvenientes. Tal como dizem que foder pouco faz mal à vista, do mesmo modo que tentar que a namorada pratique o sexo oral e falhar no alvo lhe pode fazer mal à vista, também no canadá devem existir provas estatísticas de que foder em demasia pode causar problemas. Quase que apostava, se tivesse agora e aqui algum fundo de maneio para isso, que o canadá deve ser dos países com maior taxa de cancro no pulmão em todo o mundo. Ora, a umas vinte quecas por dia, vai um maço, fora o que se fume por fora [bzt!!!], e isso, acumulando, dá em cancro mais ano menos ano. Há muita gente que pensa que as preocupações ambientais, ecologistas, dos canadianos se devem a um estado avançado de consciência social, a uma mentalidade que compreende o desenvolvimento como uma coisa necessariamente sustentável nos recursos existentes, sem exageros, nem essas coisas, mas de certeza que eles andam é a ver se não poluem muito para poupar os pulmões, visto que só em cigarros já fazem mal suficiente. Até porque praticar o coito com problemas do tracto respiratório deve ser problemático… mais ou menos como nos metros apinhados de gente.
Não faço a mínima se os metros canadianos serão como os dos japoneses, esse povo maravilhoso, com uma imaginação fertilíssima, capaz de idealizar, num momento, consolas de jogos digitais extremamente avançados e viciantes, e, num outro, um animal com dezenas de tentáculos, capaz de penetrar por todos e mais alguns orifícios de uma colegial virgem. Nós, neste cantinho a oito fusos horários de distância, criámos a malha e achamos, maioritariamente, mas as maiorias são, felizmente, volúveis como alguns elementos da tabela periódica dos quais não recordo agora o nome, que a canzana já é uma coisa upa, upa! de imaginação e audácia. Deve ser porque lá o sol nasce antes que eles são assim tão à nossa frente… Basta ver o método que eles arranjaram para entulhar mais pessoas em cada carruagem de metro, aqueles homens e mulheres de luvas brancas prontos para empurrar mais e mais nipónicos para dentro da embalagem onde se sentirão como sardinhas karatecas de shaolin em lata. Cá, homens e mulheres assim aperaltados e de luvas brancas era certinho que estariam em vias de enfiar o dedo em partes obscuras da anatomia humana!
Também, verdade seja dita, cá não é preciso gente especializada e contratada para empurrar os outros para dentro do metro, porque, como as pessoas não esperam que saia quem tem de sair, elas próprias empurram quem tem necessária, urgente, valha-me-deus-que-perco-a-consulta-mente de sair do metro naquela precisa e determinada estação. Talvez seja aquele debate secular da avançada intelectualidade europeia dedicada a temas fundamentais da nossa existência como a sexualidade dos anjos, o tamanho das barbas de moisés ou a grossura da arca de noé, e que tantas mentes ocupou, mesmo gente de quem se diz serem grandes génios do velho continente, aquela ideia da natureza ter ou não horror ao vácuo, ao vazio, se a possibilidade de haver vazio é ou não real, um tema ainda hoje causa para tanta árvore abatida – o ancestral exemplo que eu mais admiro é o da mão mergulhada em água, que mal é retirada vê o seu antigo espaço ocupado de imediato pelo líquido, impedindo assim o vazio, mas parece que ninguém se deu conta da descida do nível do mesmo dentro do recipiente, digo eu, porque essa parte ninguém diz, mas adiante, que eu de filosofias pouco percebo, e ainda menos para discutir aquilo que leva os tugas a avançar peremptórios mal a porta entreabre, sem esperar quem de lá vem (apesar de tudo, sou da opinião que esta experiência da mão na água é claramente viciada, não só na análise que dela se faz, mas também nos objectos utilizados; vejam lá se quando tiram a mão do cu dos marretas ou similares bonecos, eles ficam preenchidos de alguma coisa!!!).
De facto, como a imensidão de pierrots e panos supérfluos provam bem, o tuga não gosta nada de ver espaço vazio, e não está para discussões sobre se o vazio é vazio e/ou vácuo, ou antes matéria invisível, bota um desses pendericalhos e pronto, está resolvido o assunto. Esta forma assaz prática de resolver as coisas é evidente quando o tuga decide solucionar a questão da garrafa que não consegue expelir o seu conteúdo de forma uniforme quando colocada numa posição vertical, de gargalo para baixo. Os entendidos dizem que não consegue porque à medida que o líquido sai, o ar tenta entrar para ocupar o seu lugar, na mesma proporção; ora, como não passam os dois simultaneamente, fazem-no à vez, intermitentemente, e por isso é que se formos virando a garrafa aos poucos, líquido e ar saem e entram, respectivamente, em tranquila cavaqueira, até dá para trocar uns dedos de conversa e tudo. Ora, o tuga, da mesma maneira que não está à espera dos que saem do metro e tenta passar pelo mesmo local, mas para dentro, também não está com meias medidas, e em vez de deixar a garrafa ganhar ar, e toda a gente sabe como isso avinagra o vinho, emborca logo tudo de uma vez, de golada, à homem!, à macho!
Claro, da mesma forma que foder tem custos, beber deste modo tem custos também, pois a bebedeira costuma ser péssima acompanhante do acto procriativo, e um passo em frente para chegar à estalada! Enquanto os canadianos fodem e não batem, make love and not war, os que mamam vinhaça e cervejolas e outras bebidas de baco, muitas vezes para compensar o calor, outras só porque sim, andam ao estalo, e não saltam para as cuecas das respectivas, nem que sejam respectivamente por determinado e curtissimamente delineado período de tempo! O moore é que tem razão, era pôr os países todos a temperaturas negativas, passar o hóquei no gelo a desporto mundial, e abrir imensas farmácias a vender viagra e cialis com desconto para o pessoal perder mais tempo a praticar o dito amor, e menos a bater uns nos outros… isto, claro, desde que os cigarros deixassem de provocar cancro e os filmes dele passassem a ter nomes decentes.
Enquanto isso não acontece, limito-me a mudar de canal e estupidificar novamente.

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