Assisti, há não sei quanto tempo, durante a eleição de uma comissão executiva de uma entidade jurídica colectiva, ou o raio, que eu disso de linguagem de engravatadinho não pesco nada, já me confundo todo só de ver aquele símbolo esquisito para os parágrafos, este todo §
a uma extraordinária intervenção política, nomeadamente de um sujeito, homem, cidadão, pessoa, digno portador de um bigode à antiga portuguesa, que, perante a existência de uma lista única a votação, levantou a voz, aviltado, reclamando que, numa eleição democrática, tem de haver duas listas para que a coisa, sendo que coisa é aqui subentendida como democracia, funcione. Repito, isto parece-me extraordinário, a mim que, devido a certas cenas, sendo que cenas é aqui subentendido como data de nascimento, nunca vivi que não num Portugal democrático. Porque, da mesma forma que o direito ao voto não obriga ao exercício do mesmo, o direito a candidatar-se seja ao que for não obriga a que um tipo se candidate a esse presumível cargo. Obviamente, num país de cada vez mais abstencionistas e devedores à banca, não que isso interesse na situação aqui mencionada, mas é verdade, e as verdades são para ser ditas, quando perguntaram se haveria, então, mais alguém a querer formar uma lista candidata à comissão executiva, o silêncio cobriu a sala, ao ponto de se me ter escapado um flato quase impercetibilis que, mesmo assim, se conseguiu ouvir na mesa da assembleia. Fui expulso.
Isto surgiu-se-me tão só e apenas e somente e outras locuções e advérbios do género porque, ainda há minutos, ia a estacionar à inglês, ou seja, do lado esquerdo numa rua de dois sentidos, mas decidi ir fazer uma inversão de marcha mais adiante, sendo que, chegando ao lugar antes vago, logo encontrei uma carrinha estacionada. Isto em menos de um fósforo... O silêncio sobre estas coisas incomoda-me...
0 pomaditas :: Asfixia democrática!!!
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