Observações psicológicas dos “grands-buffeurs”


“Ultrapassando esta angustiante bivalência monogâmica, em que a promiscuidade exerce uma profunda alteração do agente, o indivíduo avança para o seguinte estádio da sua existência correlacional, num período intitulado de fase depressionária da flatulência. É aqui que as incapacidades inerentes ao ser em questão surgem indubitável e impreterivelmente correlacionadas com a concomitância exacerbada de estádios espirituais antitéticos e paradoxais consigo mesmos. Reconhecendo que as suas capacidades sensório-motoras e psíquicas se encontram implícita e explicitamente implexadas em si mesmas, a saber:
- A acção da flatulência assume tal preponderância que uma hipálage quiasmática se debruça numa metáfora impetuosa, e, dotado de imperturbabilidade impertinente, o ser recebe uma nova emulação híbrida de encalacração. Encarapinhando-se, ele consegue atingir um faldistório satisfatório onde se pode expor convenientemente. Esta hecatombe hipertrofiada assombra a hombridade do hipostilo do hipomóvel hipogástrico. Desta guisa, o indivíduo pode tornar-se hipocondríaco e hipodérmico, híspido na convicção hirsuta de que a sua homonímia homologada é dotada de uma honorabilidade humosa. Ele deixa de ser um indivíduo humílimo passando a considerar-se como alguém assaz consciente de um valor superior e idiossincrático, tornando-se num vero idiólatra.
- Mas uma autoidealidade pode provocar icterícia e um depauperamento da sua densidade dengosa. É então que ele passa a engordar numa má disposição frequente, considerando tudo como uma ignomínia.
- Chegámos ao fenómeno do inchamento devido à flatulência concentrada. Quando chega a altura da libertação, pode provocar uma entrevação naqueles que de si se aproximem.
- Então, o indivíduo atinge o estádio primordial do espírito que se impõe soberanamente sobre a matéria: a equanimidade epigónia. Isto é motivo de júbilo, até porque a flatulência já não se concretiza, deixando de ser uma flatulência omnipresente para se reportar simplesmente aos aspectos jocosos. Está preparado para o acto de ligação corpórea a alguém da sua espécie, numa tentativa de obtenção de prazer que consegue ser, simultaneamente, de utilidade espantosa. Contudo, ele pode tornar-se fútil e mormente mortificado em tentativas frustradas de envolvimento oprobrioso.
Pode, então, concluir-se que a flatulência leva, em último caso, à procura irremediável e incorrigível da pêssega, para a depelar até poder dela usufruir até à zona do caroço, utilizando um abananamento do profundo trajecto até chegar ao apetecido fruto, num clímax de loucura e sensualidade orgásmica, confundidos e, ao mesmo tempo, separados de uma forma paradoxal, até ao esgotamento das possibilidades do físico individual.
Se, pelo contrário, o indivíduo se aquartelar na intimidade do seu ser, sem se expandir àquele outro personagem fictício, o mais provável é que se tente apropinquar de uma forma progressiva e pensada e reflectida e totalmente planeada do objecto da sua idolatria, aprovisionando no seu interior imagens sinestésicas e adventiciamentais, aquiescendo-se. É apanágio deste segundo carácter pessoal o antropomorfismo do antropónimo e a anquilose da antífona.
Apesar da pouca frequência de avistamentos, existe ainda um terceiro tipo de indivíduo, caracterizado por algo mui distintivo. Além de um semblante zaruco, ele satisfaz-se zabumbando monolíticos. É ainda marcado subtilmente pelas metamorfoses placidamente encobertas sobre um despejo de coragem irónica, reaparecendo sob uma forma mesentérica.
Mas, afinal de contas, o que é a flatulência propriamente dita? A flatulência é um estado hierático e hindustânico marcado pelas hipocastâneas e pelo hipocratismo hipocrático. Aqui, a hipiatria histológica reflecte-se na hipofagia hipológica de ser hirudiniculturado. Também os hexáginos, os hexandros e os hexapétalos se heteromorfisam numa heterogeneidade heteróclita. Hermeticamente conservado na sua própria ignobilidade, o hexágino hermafrodita sofre uma hematopoese hemisferóide. Do mesmo modo, a hemiopia de converte em hepatomegalia heliocrómica, Característica do cromolitográfico crisólito. E assim se pode definir a flatulência.
Como forma de conclusão, uma alusão à alfange e à algálica, algidadas no álgido algoritmo rítmico e alijado, sem nunca discordar intermitentemente com o cotiledóneo helicolóidal da haste.”
in Landeira Scientific, n.º 29

Urge, agora, explicar a transcrição deste texto, com algumas alterações, de modo a mais e melhor respeitar a gramática e a semântica. No fundo, quis-vos trazer algumas leis para um bom relacionamento com o sexo oposto, e não só:

1 – homem que se peide perante a presença de mulheres passa a vida a descascar banana.
2 – homem que não se peide à frente doutros homens é maricas (por convenção social)
3 – homem que não se peide perante a presença de mulheres, mas que não se atire a elas, só descasca banana na mesma.
4 – o feijão, tal como outros grãos, é o alimento mais indicado para a farpola, por ser rico em carbohidratos.

No fundo, o peido é um mal necessário. Quem conseguiria viver sem dar os seus peiditos, peidos ou peidões?


Em anexo, segue uma tabela altamente científica, com a classificação rigorosíssima dos vários tipos de peido:

Quanto à duração
“flatus maximus” – mais de 10 segundos
“flatus medinus” – entre 5 e 10 segundos
“flatus minimus” – entre 1 e 5 segundos
“flatus quasis qui num existus” – menos de um segundo

Quanto ao barulho
“flatus estrondosus” – mais de 50 decibéis
“flatus sonorus” – entre 20 e 50 decibéis
“flatus baixus” – entre 10 e 20 decibéis
“flatus baixinhus” – entre 1 e 10 decibéis
“flatus impercetibilis” – abaixo de 1 decibel

Quanto ao cheiro
“flatus mortiferus” – capaz de provocar náuseas
“flatus cheirabilis” – nota-se, mas suporta-se
“flatus inodores” – sem cheiro

Quanto ao tipo de saída
“flatus espalhafatosus” – muito barulho e pouca matéria
“flatus arduus” – demora a sair, e magoa as bordas do cu no processo
“flatus seladus" – trazem selo de garantia

1 pomaditas :: Observações psicológicas dos “grands-buffeurs”

  1. Caro Sr. Caçador, boa tarde!
    Peço vênia expressar um comentário acerca do peido. Ao meu sentir, o peido é, antes de tudo, pedagógico e apaziguador. Veja: imagine-se num ambiente lotado de transporte coletivo de pessoas onde não há espaço sequer para repousar inteiramente a planta do pé no chão e de repente alguém carca um silencioso do tipo foootissss, o cheiro sobe, a galera ao senti-lo se acalma e imediatamente para de empurrar. Portanto, pedagógico e apaziguador. Mensão colaborativa de Mister Flatus.