O Império da Redondilha

O Povo está na rua!
A Luta continua!

O Povo, unido,
Jamais será vencido!

Alberto, amigo,
O Povo está contigo!

Que têm estas palavras de ordem em comum? Vocabulário e sintaxe simples, rima, e um ritmo marcado pelo verso curto... Por que é tão importante que assim seja? Porque para, digamos, duas mil pessoas as poderem gritar em uníssono convém (1) que não contenham palavreado ou construções gramaticais demasiado rebuscadas, sob pena de uma grande percentagem dos manifestantes não o conseguir fazer; (2) que haja um tempo marcado pela rima e ritmo, o qual permita que sejam entoadas estas palavras sem se estar a pensar em acertar com as outras vozes.
Ora, hei visto, há uns tempos, uma tarja, à entrada de um hospital, pertencente a um sindicato e que rezava o seguinte:

Os enfermeiros no desemprego,
À ministra não darão sossego!

Sim, senhor!, temos rima... mas é só! Eu não digo que seja obrigatório o recurso à redondilha menor, nem sequer à maior, mas, pessoal, vamos lá ver se cortamos aí uma ou outra sílaba fonética, pode ser? É que fica difícil conseguir pôr mil gargantas a gritar isto em uníssono! O mais certo é o tipo do megafone começar, e quando estiver a acabar estarem os de trás a meio, ou até mesmo a tentar ainda perceber que raio de palavra de ordem se está a gritar, afinal! Ainda para mais, aquela revienga entre os complementos e o predicado não ajuda nada à festa! É que em dois versos longos termos apenas um sujeito, mais dois complementos, ambos precedendo a acção... que por sua vez está na negativa do futuro... ui! Que fartote! A sério, pessoal, vamos lá ver isto, ok?

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