Estamos a atravessar aquele que é, provavelmente, o período mais conturbado nas relações ibéricas desde que o Godoy se lembrou de pegar numa laranja e dizer que Alcanizes estava vingado. Verdade seja dita, o shôr valido até foi meiguinho, podia ter dito algumas coisas bem mais violentas, como "Toma lá, Denis, ácido ascórbico pelo teu cu acima!" Foi simpático, da parte dele, ter ido meramente pela questão diplomática e não pela via do insulto pessoal.
Claro, no entretanto houve aquelas questiúnculas aquando e após a guerra civil espanhola, porque o shôr Presidente do Conselho e o señor Caudillo não se pintavam lá muito bem um ao outro. Talvez se tivessem a veia artística do Ailittla, ou a do D. Carlos, especialistas na aguarela, se pintassem melhor [e aqui começam e acabam todas as referências a D. Carlos, que até enjoou, no início do ano, com o regicídio e mais não sei o quê!]... ainda assim, nada que se assemelhe ao actual estado de coisas.
Os moços aqui do lado mandam para Portugal têxteis, fruta, legumes, capitais, entre muitos outros produtos e serviços, e tudo com farturinha e a bom preço... e qual é a nossa principal exportação para Espanha? Índices de sinistralidade! Rara a semana em que não há notícia de mais um autocarro de turistas, ou veículo repleto de emigrantes e respectivas famílias, ou de trabalhadores deslocados, que se tenha espatifado, aumentando assim o número de acidentes, de feridos, de mortos nas estradas espanholas.
De quando em vez, lá mandamos uns jogadores da bola para La Liga, a ganharem pipas de massa para não fazerem porra nenhuma. E ainda lhes ficámos com o Euro 2004, onde chegámos mais longe, tal como no Mundial 2006, mesmo com o shôr Felipe "Handicapped" Scolari ao leme. Ok, eles ganharam o Euro 2008, mas o coitado do Ronaldo tinha uma espécie de lesão antiga no pernil que só lhe começou a doer por volta do fim de Maio... e não tinha cremes hidratantes com ele, na Suiça.
Durante as férias da Páscoa, invadimos Lloret del Mar e Barcelona com canalhada bêbada que deixa tudo em pantanas e cheio de vomitado (pórtico da Sagrada Família incluído). Quem quiser cá passar umas férias, vindo aqui do lado, fode-se, que paga a gasolina mais cara!
Enfim, tanta confusão acaba por ter repercussões nas altas esferas do poder político (que são assim uma mistura de Bolas do Dragão com os Anéis do Poder à la Tolkien): o Sócrates manda de cá telegramas a chamar Sapateiro ao Zapatero, por causa das regras do acordo ortográfico, e, de lá, vem uma resposta em tom de "vê lá se não queres mas é um copo de cicuta pelo cu acima!" (sendo que é do conhecimento público que a cicuta arde mais nas hemorróidas que o ácido ascórbico), que o Zapatero não conhece Alcanizes e, ao que consta, Olivença, também não.
Resumindo, não me admira que daqui a uns tempos a relação familiar entre Portugal e Espanha seja revista e que, em vez de sermos irmãos, passemos a ser sogra e genro, sendo que o nosso papel me parece que será claramente o da velha matrona, eternamente chata, eternamente dedicada a estragar tudo o que está bem.
Porque, no fundo, são esses, sempre foram, os objectivos da existência de Portugal, ter pilas maiores que eles e estragar-lhes a festa. Foi claramente esse o intuito do Afonsinho ao fundar esta merda, ou o do Joãozinho, a restaurá-la: chatear os tipos aqui do lado, como os vizinhos que insistem em pôr a TV nas alturas às tantas da manhã (no caso dos moços, os vizinhos que mandam tocar os alaúdes mais alto, a meio da noute). Basta ver que uma das coisas que sempre irritou qualquer espanhol, para lá de se dizer que a Espanha não tem existência enquanto nação, ou que eles não são os maiores do mundo, foi a impossibilidade de se desenhar rápida e facilmente o seu território continental de uma forma estilizada. Enquanto que por cá basta desenhar um rectângulo a 3 para 1, em altura/largura, e dizer: "Isto representa Portugal", em Espanha, um professor que desenhe uma espécie de quadrilátero com um mamilo ao sul e outro a nordeste vai ter sempre um aluno chico-esperto a resmungar lá de trás: "Mira, Portugal no es España, coño!", aluno, esse, muito provavelmente filho de portugueses, mas nascido do lado de lá da fronteira por não haver maternidade onde nascer do lado de cá. Ou seja, um aluno que representa a segunda maior exportação portuguesa para Espanha...
Claro, no entretanto houve aquelas questiúnculas aquando e após a guerra civil espanhola, porque o shôr Presidente do Conselho e o señor Caudillo não se pintavam lá muito bem um ao outro. Talvez se tivessem a veia artística do Ailittla, ou a do D. Carlos, especialistas na aguarela, se pintassem melhor [e aqui começam e acabam todas as referências a D. Carlos, que até enjoou, no início do ano, com o regicídio e mais não sei o quê!]... ainda assim, nada que se assemelhe ao actual estado de coisas.
Os moços aqui do lado mandam para Portugal têxteis, fruta, legumes, capitais, entre muitos outros produtos e serviços, e tudo com farturinha e a bom preço... e qual é a nossa principal exportação para Espanha? Índices de sinistralidade! Rara a semana em que não há notícia de mais um autocarro de turistas, ou veículo repleto de emigrantes e respectivas famílias, ou de trabalhadores deslocados, que se tenha espatifado, aumentando assim o número de acidentes, de feridos, de mortos nas estradas espanholas.
De quando em vez, lá mandamos uns jogadores da bola para La Liga, a ganharem pipas de massa para não fazerem porra nenhuma. E ainda lhes ficámos com o Euro 2004, onde chegámos mais longe, tal como no Mundial 2006, mesmo com o shôr Felipe "Handicapped" Scolari ao leme. Ok, eles ganharam o Euro 2008, mas o coitado do Ronaldo tinha uma espécie de lesão antiga no pernil que só lhe começou a doer por volta do fim de Maio... e não tinha cremes hidratantes com ele, na Suiça.
Durante as férias da Páscoa, invadimos Lloret del Mar e Barcelona com canalhada bêbada que deixa tudo em pantanas e cheio de vomitado (pórtico da Sagrada Família incluído). Quem quiser cá passar umas férias, vindo aqui do lado, fode-se, que paga a gasolina mais cara!
Enfim, tanta confusão acaba por ter repercussões nas altas esferas do poder político (que são assim uma mistura de Bolas do Dragão com os Anéis do Poder à la Tolkien): o Sócrates manda de cá telegramas a chamar Sapateiro ao Zapatero, por causa das regras do acordo ortográfico, e, de lá, vem uma resposta em tom de "vê lá se não queres mas é um copo de cicuta pelo cu acima!" (sendo que é do conhecimento público que a cicuta arde mais nas hemorróidas que o ácido ascórbico), que o Zapatero não conhece Alcanizes e, ao que consta, Olivença, também não.
Resumindo, não me admira que daqui a uns tempos a relação familiar entre Portugal e Espanha seja revista e que, em vez de sermos irmãos, passemos a ser sogra e genro, sendo que o nosso papel me parece que será claramente o da velha matrona, eternamente chata, eternamente dedicada a estragar tudo o que está bem.
Porque, no fundo, são esses, sempre foram, os objectivos da existência de Portugal, ter pilas maiores que eles e estragar-lhes a festa. Foi claramente esse o intuito do Afonsinho ao fundar esta merda, ou o do Joãozinho, a restaurá-la: chatear os tipos aqui do lado, como os vizinhos que insistem em pôr a TV nas alturas às tantas da manhã (no caso dos moços, os vizinhos que mandam tocar os alaúdes mais alto, a meio da noute). Basta ver que uma das coisas que sempre irritou qualquer espanhol, para lá de se dizer que a Espanha não tem existência enquanto nação, ou que eles não são os maiores do mundo, foi a impossibilidade de se desenhar rápida e facilmente o seu território continental de uma forma estilizada. Enquanto que por cá basta desenhar um rectângulo a 3 para 1, em altura/largura, e dizer: "Isto representa Portugal", em Espanha, um professor que desenhe uma espécie de quadrilátero com um mamilo ao sul e outro a nordeste vai ter sempre um aluno chico-esperto a resmungar lá de trás: "Mira, Portugal no es España, coño!", aluno, esse, muito provavelmente filho de portugueses, mas nascido do lado de lá da fronteira por não haver maternidade onde nascer do lado de cá. Ou seja, um aluno que representa a segunda maior exportação portuguesa para Espanha...
0 pomaditas :: As anti-férias de um coçador manifestam-se em não haver manifestações
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